MULHERES PELA PAZ AO REDOR DO MUNDO: JUBILEU REÚNE LIDERANÇAS DE VÁRIAS PARTES DO MUNDO EM EVENTOS NA CIDADE DE BERNA, NA SUÍÇA


MULHERES PELA PAZ AO REDOR DO MUNDO: JUBILEU REÚNE LIDERANÇAS DE VÁRIAS PARTES DO MUNDO EM EVENTOS NA CIDADE DE BERNA, NA SUÍÇA

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Foi no período entre 21 e 23/10/2015, que cerca de 35 lideranças pertencentes a essa articulação global se reuniram para participar de eventos marcantes, para celebrar os dez anos da indicação coletiva das 1000 Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo. Muita gente se lembra que o ano de 2005 foi transformado em momentos mágicos, em que se esperava a premiação dessas mulheres ativas em 150 países, nas mais diferentes áreas: no avanço das ciências e da literatura, na luta contra todas as injustiças de nossa sociedade, em defesa dos direitos humanos, denunciando todas as formas de violência estrutural, discriminação patriarcal, por educação, saúde e meio ambiente. O Nobel não foi outorgado a elas (incluindo 52 brasileiras), entretanto, essa rede de mulheres formada mundo afora passou a se fortalecer e a aumentar cada dia mais.
Os eventos realizados na Suíça se somaram a muitos outros realizados em diversos países, sob o título “Mesa Redonda Mulheres pela Paz”, inclusive no Brasil que ocorreu em 15/10/2015, na cidade de São Paulo, sob o título “Paz é a Cidadania das Mulheres” (ver artigo anterior). Foram oportunidades ímpares para celebrar a merecida indicação ao Nobel da Paz e também refletir sobre o trabalho de cada uma na concretização do conceito ampliado de paz (Resolução 1325 da ONU), que remete à segurança humana e à justiça nas ações do cotidiano, indo muito além da ausência de guerra armada. As mulheres do mundo todo enfrentam a guerra do dia a dia, que está retratada na discriminação de classe, gênero, raça e sexo; na violência doméstica, violência sexual e no tráfico humano; na falta de moradia; na ausência de atendimento à saúde; no desemprego; na desigualdade salarial; na impossibilidade de continuar os estudos; na exclusão dos processos sociais, econômicos, políticos, culturais, científicos e institucionais…
Em Berna estavam presentes lideranças da Índia, China, Brasil, Colômbia, Argentina, Indonésia, Estados Unidos, Togo, Uzbequistão, Egito, Jordânia/Palestina, Catar, México, Mali, Bósnia-Herzegovina, Tailândia, Afeganistão, Alemanha, Filipinas Quênia e Suíça. O primeiro dia foi dedicado a uma avaliação dos projetos realizados pelas coordenações regionais, às perspectivas de ampliação das atividades, sugestões para a campanha “Mulheres levadas a sério”, além da apresentação da iniciativa WikiPeaceWomen – a futura compilação de mais de 1 milhão de histórias de mulheres que trabalham pela paz ao redor do mundo. “Mulheres levadas a sério” é uma campanha global sobre Mulheres, Paz e Segurança, que foi lançada em junho de 2014 na Cúpula Global para Acabar com os Conflitos de Violência Sexual, em Londres, proposta por um grupo de organizadoras(es), incluindo Ruth Gaby Vermot (fundadora da articulação Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo), o embaixador Anwarual Chowdhury, as embaixadoras Swanee Hunt e Melanne Verveer, Leymah Gbowee, Madeleine Reese, Luz Mendez, Winnie Byanyima e a baronesa Mary Goudie. O objetivo da campanha é influenciar a opinião pública sobre o papel indispensável das mulheres na conquista da paz e segurança. Esse “desejo público”deve influenciar a tomada de decisão política das lideranças femininas nos processos de paz. Acredita-se que a campanha fará com que um público forte e informado e um movimento forte de mulheres influenciem os líderes políticos globais e nacionais para implementar a Resolução 1325 da ONU, de forma substantiva. A mensagem da campanha é: “Se encaramos a paz com seriedade, devemos levar as mulheres a sério!”. Quase 15 anos após a Resolução 1325 da ONU ter sido aprovada, apenas 46 de 193 países têm planos nacionais de ação, ou seja, cerca de 24%, nem mesmo um quarto do total. Trata-se de um progresso muito lento. As mulheres devem ser levadas a sério agora, e a Mesa Redonda das Mulheres da Paz foi uma oportunidade de trazer as vozes das mulheres nos processos de paz, oferecendo a perspectiva das mulheres sobre os temas abordados nas negociações de paz, mas também sobre o que as mulheres consideram ser fundamental para uma bem-sucedida reconstrução e recuperação no acordo pós-paz.
Em 22/10/2015, foi montada uma grande tenda na região central de Berne, com a formação de diversas mesas redondas, em que o público suíço se revezava para ouvir a realidade dos diferentes países, contada pelas lideranças presentes, assim como dialogar sobre o sentido de paz na luta pelos direitos da mulher e sua aplicação prática em diferentes sociedades. Vera Vieira, diretora-executiva da Associação Mulheres pela Paz, esteve em uma dessas mesas, onde teve a oportunidade de falar sobre a realidade brasileira e a aplicação do conceito ampliado de paz na busca pela equidade de gênero. Ela também expôs na tenda uma bandeira confeccionada por uma das indicadas ao Nobel da Paz no Brasil, Schuma Schumaher, contendo a foto de Clara Charf (idealizadora e presidenta da Associação Mulheres pela Paz) rodeada pelas 52 brasileiras indicadas(foto abaixo). O evento teve início com um painel de discussão que focou a concretização da paz na sociedade suíça. Foi formado por Franziska Teuscher (vereadora de Berna), Margret Kiener Nellen (deputada federal), Aline Trede (deputada federal), Dorothee Elmi (escritora), Laavanja Sinnadurai (advogada), Ueli Mäder (professor de sociologia) e Claudine Esseiva (secretária geral do PDP.Die da Alemanha). No dia 23/10/2015, houve um jantar de gala, com depoimentos de lideranças e debates sobre desafios e soluções em busca da paz, a apresentação do grupo de dança Urban Rebels e um show musical com a cantora moçambicana Nilsa. No evento dos dois dias, houve a bonita exposição das 1.000 Mulheres indicadas ao Nobel da Paz, sob o competente trabalho de Eva Gillis e Lasse Andersson.
A intenção é continuar a levar avante as Mesas Redondas Mulheres pela Paz, seja em eventos específicos, seja pela participação em grandes conferências nacionais e internacionais.
A Associação Mulheres pela Paz será responsável pela inclusão de histórias em língua portuguesa no site WikiPeaceMulheres. Em breve, serão divulgados mais detalhes.

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